Oswaldo Gonçalves Cruz, nascido em 5 de agosto de 1872 em São Luiz do Paraitinga, interior de São Paulo, é um dos maiores nomes da ciência brasileira. Desde cedo, demonstrou grande interesse pela propagação de doenças, o que o levou a cursar Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aos 15 anos. Durante a graduação, publicou artigos sobre epidemiologia antes mesmo de se formar, aos 20 anos, em 1892.
Após a formatura, Oswaldo Cruz montou um pequeno laboratório no porão de sua casa no Rio de Janeiro para realizar experimentos relacionados à microbiologia. Entre 1896 e 1897, especializou-se em bacteriologia no renomado Instituto Pasteur de Paris. Ao retornar ao Brasil em 1899, encontrou a cidade de Santos assolada pela peste bubônica devido ao movimentado porto. Retomando seu emprego na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, estudou a proliferação da doença por meio dos ratos e comprovou a eficácia do soro adequado no combate à peste.
Para produzir o medicamento nacionalmente, Oswaldo Cruz ajudou a fundar o Instituto Soroterápico Federal, tornando-se seu diretor. Hoje, essa organização é conhecida como Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Seu desempenho no combate à peste bubônica rendeu-lhe a nomeação como Diretor-Geral de Saúde Pública em 1903, aos 31 anos, assumindo a responsabilidade de gerenciar campanhas de saneamento em um país gigantesco e majoritariamente pobre.
Oswaldo Cruz enfrentou seus maiores desafios ao controlar as epidemias de febre amarela e varíola no Rio de Janeiro. A capital era um conjunto urbano desordenado e insalubre, exigindo a extinção de focos de mosquitos e a conscientização da população. Convenceu o presidente Rodrigues Alves e o Congresso a aprovar a lei da vacinação obrigatória, acreditando ser a única forma de erradicar as doenças. A febre amarela foi erradicada do Rio de Janeiro, reaparecendo apenas em 1928. Já a varíola enfrentou maior resistência.
A campanha de vacinação obrigatória contra a varíola, iniciada em novembro de 1904, gerou pânico na população desinformada. Agentes sanitários, por vezes autoritários e violentos, chegavam a invadir casas para vacinar pessoas à força. Oswaldo Cruz foi temporariamente retratado como um monstro pela imprensa, sendo chamado de "inimigo do povo". Esse descontentamento culminou na Revolta da Vacina, um dos conflitos mais conhecidos da República Velha.
Apesar da polêmica, Oswaldo Cruz deixou o cargo na Saúde Pública em 1909, após ter obtido reconhecimento mundial por seu trabalho. Gerenciou outras campanhas contra epidemias no Brasil, como a erradicação da febre amarela em Belém do Pará, e analisou as condições dos trabalhadores da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré na Amazônia. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1912 e participou da fundação da Academia Brasileira de Ciências em 1916.
Embora tenha falecido precocemente aos 44 anos devido a problemas renais, Oswaldo Cruz deixou um legado inestimável para a biologia, saúde e medicina preventiva, especialmente no controle de epidemias. Seu trabalho pioneiro e dedicação incansável transformaram a saúde pública brasileira, salvando incontáveis vidas e pavimentando o caminho para avanços futuros. Oswaldo Cruz é, indubitavelmente, um dos maiores gênios que o Brasil já produziu, e seu exemplo continua a inspirar gerações de cientistas e profissionais da saúde.