Boécio

Filósofo e político italiano

Biografia de Boécio

Boécio (480-524) foi um filósofo, político e poeta italiano, autor da obra “A Consolação da Filosofia”, escrita entre 523 e 524. Ele é um dos representantes mais notáveis do neoplatonismo e se inclinou também pelo estoicismo, destacando-se como um dos fundadores da filosofia cristã do Ocidente.

Boécio, cujo nome completo é Anício Mânlio Torquatos Severinos Boethius, nasceu em Roma, por volta de 480. Ele era filho do cônsul Flávio Mânlio Boécio e descendente de uma antiga e influente família chamada Anícios, que ofereceu a Roma vários cônsules e também o imperador Anício Olíbrio. Após a morte de seu pai em 487, Boécio foi educado por Quintus Aurelius Symmaehus, um amigo próximo da família.

Considerado uma mente brilhante, Boécio era um poliglota que dominava o grego. Ele se dedicou a estudar e traduzir para o latim as obras de Platão e Aristóteles, buscando expor as disparidades entre os sistemas filosóficos de ambos. Em sua vida pessoal, casou-se com Rusticiana, filha de seu mentor, por quem nutria grande admiração e afeição ao longo de sua vida.

Boécio também se destacou na política, ocupando altos cargos durante o reinado de Teodorico, o Grande. Em 510, ele foi nomeado cônsul e tornou-se membro do senado. Em 522, seus dois filhos receberam o título de cônsul, estendendo ainda mais seu prestígio. Durante este período, Boécio desfrutou de momentos de muita felicidade e respeito, sendo apreciado por Teodorico e admirado por intelectuais de sua era, como o escritor Cossiodoro e o gramático Prisciano.

No entanto, sua vida sofreu uma reviravolta trágica em 522, quando ele foi acusado de traição ao rei. Essa acusação ocorreu logo após ele defender em Verona o senador Albino, que tinha sido acusado de conspirar para restaurar a república com o apoio do imperador bizantino Justino I, um cristão ortodoxo. Além disso, Boécio foi incriminado por ser autor de cartas consideradas subversivas e por práticas de magia. Ele foi preso em Pavia, onde permaneceu até 524, sendo torturado até a morte.

A Consolação da Filosofia

Durante seu encarceramento, Boécio escreveu sua obra mais famosa, “A Consolação da Filosofia”. Essa obra é composta de cinco livros que alternam entre prosa e verso, na qual ele desenvolve um diálogo com a Filosofia, personificada como uma mulher venerável com olhos luminosos. Boécio busca nesta obra o alívio para seu sofrimento. A obra aborda temas como filosofia, moralidade, teodiceia, metafísica e psicologia, refletindo a profunda busca de Boécio pela verdade e consolo em tempos de adversidade.

Outras obras de Boécio

Boécio também foi um prolífico tradutor e seus escritos incluem textos de Aristóteles, como “Categorias” e “De Interpretatione”, bem como a tradução comentada do “Iagoge” de Porfírio e obras de Euclides. Voltado para o ensino da lógica, ele produziu dois pequenos tratados sobre silogismos, abordando tanto o categórico quanto o hipotético. Suas obras “De Institutione Arithmetica” e “De Institutione Música”, baseadas em manuais gregos de Nicômaco de Gérasa, foram consideradas fundamentais no ensino medieval, contribuindo para a sua longa reputação.

Frases de Boécio

• O homem é um mundo em miniatura.
• O homem justo paga a culpa do injusto.
• Quem pode julgar os amantes? O amor é uma lei para si mesmo.
• Quem caiu foi porque não soube se sustentar em seus passos.
• Se Deus existe, de onde vem o mal? E se não existe, de onde vem o bem?
• A música é parte de nós e enobrece ou desagrada o nosso comportamento.
• Nada é mais fugaz do que a forma exterior; sua aparência muda como as flores do campo.

Boécio faleceu em Pavia, Itália, em 524. Seu corpo foi ordenado a ser sepultado na Igreja de San Pietro in Cíel d’Oro, onde passou a ser cultuado, em reconhecimento à sua profunda contribuição filosófica e cultural.