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A Vida e a Obra de Alcântara Machado

Alcântara Machado

Alcântara Machado foi um dos mais notáveis escritores brasileiros do Primeiro Tempo Modernista. Sua vida e obra são marcadas pela intersecção entre a literatura e o contexto da imigração italiana em São Paulo. Mas quem foi realmente Alcântara Machado? Quais legados ele deixou para a literatura brasileira?

Nasceu em São Paulo em 25 de maio de 1901, Antônio de Alcântara Machado d’Oliveira cresceu em uma família de destaque. Seu pai era um respeitado escritor e professor na Faculdade de Direito da cidade, fator que certamente influenciou sua formação. Formou-se em direito em 1924, mas logo abandonou a área para se dedicar ao jornalismo e à literatura.

Biografia de Alcântara Machado

Alcântara começou sua trajetória literária como crítico teatral no Jornal do Comércio. Sua viagem à Europa em 1925 foi decisiva, fornecendo inspiração para seu primeiro livro, Pathé Baby, publicado em 1926, e com prefácio de Oswald de Andrade. No ano seguinte, juntamente com outros autores, fundou a revista Terra Roxa e Outras Terras.

Os contos de Alcântara Machado frequentemente abordam a vida dos imigrantes italianos em São Paulo, principalmente nos bairros do Brás, Bexiga e Barra Funda. Suas narrativas são repletas de expressões italianas, transmitindo uma autenticidade e um entendimento profundo da cultura que cercava esses personagens.

O livro Brás, Bexiga e Barra Funda, lançado em 1928, é um marco na literatura brasileira e destaca-se por sua representação detalhada da imigração italiana. Os contos apresentam uma dinâmica modernista, com estruturas episódicas e uma rica geografia urbana que contextualiza os personagens e suas vivências.

Alcântara inicia o livro com uma reflexão sobre as diversas nacionalidades que chegaram ao Brasil, destacando a mistura cultural. Nesse contexto, ele diz:

“Então os transatlânticos trouxeram da Europa outras raças aventureiras. Entre elas uma alegra que pisou na terra paulista cantando e na terra brotou e se alastrou como aquela planta também imigrante que há duzentos anos veio fundar a riqueza brasileira.”

Carreira literária

No segundo livro, Laranja da China, de 1929, Alcântara Machado substitui os italianos por luso-brasileiros e retrata, mais uma vez, o cotidiano e suas nuances. Cada conto do livro traz um título que evoca uma paródia, como O Revoltado Robespierre e A Apaixonada Elena.

Em 1929, juntou-se a Oswald de Andrade, promovendo a Revista de Antropofagia, uma publicação importante da época que refletia a modernidade e as novas correntes da literatura brasileira.

Ao longo de sua carreira, Alcântara Machado também se aventurou em estudos históricos e colaborações em revistas literárias, incluindo a direção da Revista Hora, ao lado de figuras como Mário de Andrade e Paulo Prado.

Vale destacar que, apesar de seu talento indiscutível, Alcântara não obteve muito reconhecimento durante sua vida. Foi apenas em gerações posteriores que sua obra passou a ser amplamente valorizada.

Alcântara Machado faleceu em São Paulo, no dia 14 de abril de 1935, mas seu legado continua vivo, inspirando novas gerações de escritores e leitores.

Obras de Alcântara Machado

  • Pathé Baby, romance, 1926
  • Brás, Bexiga e Barra Funda, contos, 1928
  • Laranja da China, contos, 1929
  • Mana Maria, romance, 1936, póstuma
  • Cavaquinho e Saxofone, ensaio, 1940, póstuma
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