Antônio Conselheiro
Líder social e religioso brasileiro
Biografia de Antônio Conselheiro
Antônio Conselheiro (1830-1897) foi o líder do movimento religioso que reuniu milhares de seguidores no arraial de Canudos. Esteve à frente da resistência na “Guerra de Canudos”, que ocorreu na Bahia entre 1896 e 1897, e foi registrada no livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha.
Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro, nasceu na Vila do Campo Maior em Quixeramobim, no Ceará. Ficou órfão de mãe aos seis anos de idade. Desde cedo, mostrou interesse pela leitura e pela educação.
Trabalhou como caixeiro viajante e percorreu diversas cidades do Nordeste. Após a morte de seu pai, ele assumiu temporariamente o armazém da família, mas logo encontrou sua verdadeira vocação ao dar aulas em uma fazenda da região e atuar em um cartório, onde exercia várias funções.
O Conselheiro
Após ser abandonado pela esposa, Antônio Conselheiro entregou-se à vida errante, realizando pregações e distribuindo conselhos, o que deu origem ao seu apelido. Sua fama de milagreiro cresceu à medida que percorreu o Sertão, conquistando seguidores fervorosos que o viam como um profeta enviado por Deus.
Em 1874, ele e seus seguidores se estabeleceram no sertão da Bahia, próximo à vila de Itapicuru de Cima, fundando a primeira “cidade santa”, chamada “Arraial do Bom Jesus”. Sua influência cresceu tanto que o bispo da região emitiu um circular proibindo os fiéis de assistirem suas pregações, que eram consideradas subversivas.
Em 1887, o governo provincial tentou interná-lo em um hospício no Rio de Janeiro, mas não conseguiu encontrar uma vaga.
Em 1893, ao saber que o governo permitiu a cobrança de impostos nas zonas rurais, Antônio Conselheiro se opôs e incitou sua população a queimar os editais.
A Fazenda de Canudos
O grupo de aproximadamente duzentos fiéis passou a ser perseguido pela polícia, que sofreu derrotas. A perseguição continuou e, finalmente, o grupo se instalou em uma fazenda abandonada às margens do rio Vaza-Barris, que se tornaria conhecida como “Canudos”.
A população do povoado cresceu e chegou a milhares de habitantes, que recuperaram a região, cultivando e criando animais. O fortalecimento do misticismo religioso se tornou uma forma de enfrentar a miséria.
Guerra de Canudos
O crescimento de Canudos incomodou autoridades e grandes proprietários de terra, que viam seus interesses ameaçados. Padre e coronéis pressionaram o governo da Bahia, que iniciou uma série de ataques. O primeiro ataque ocorreu em 1896, seguido por outros em 1897, todos sem sucesso, pois os soldados desconheciam a região e os homens de Conselheiro lutavam com fervor religioso, acreditando estarem em uma “guerra santa”.
O presidente Prudente de Moraes enviou o marechal Bittencourt à Bahia para liderar as operações. Apenas a quarta expedição, comandada pelo General Arthur de Andrade Guimarães e composta por 4 mil soldados, conseguiu finalmente derrotar o povo de Canudos. Durante o ataque, milhares de pessoas foram mortas.
Antônio Conselheiro foi preso e decapitado. Em 5 de outubro de 1897, o arraial, que contava com 5.200 casebres, foi completamente destruído e incendiado.
A tragédia da Guerra de Canudos foi acompanhada por Euclides da Cunha, que a registrou em seu livro “Os Sertões”, publicado em 1902. Antônio Conselheiro faleceu em Canudos no dia 22 de setembro de 1897.
Filmes e Documentários sobre a Guerra de Canudos
- Paixão e Guerra nos Sertões de Canudos (1993)
- Guerra de Canudos (1997)
- Sobreviventes — Os Filhos da Guerra de Canudos (2011)
Antônio Conselheiro e seu Legado
Antônio Conselheiro deixou um profundo impacto na história brasileira, sendo um símbolo da resistência e da luta pela dignidade no sertão. Sua vida e as trágicas consequências da Guerra de Canudos continuam a ser estudadas e reverberam nas memórias culturais e sociais do Brasil.