Aloísio Magalhães
Aloísio Magalhães foi um importante artista plástico, designer e ativista cultural brasileiro, considerado um dos pioneiros do design gráfico no Brasil. Sua trajetória foi marcada por uma intensa produção artística e cultural, influenciando gerações de designers e artistas.
Nascido em 5 de novembro de 1927, em Recife, Pernambuco, Aloísio Sérgio Barbosa de Magalhães formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife em 1950. Durante seus estudos, começou a se envolver com o Teatro do Estudante de Pernambuco (TEP), onde atuou como coreógrafo e figurinista, além de participar de diversas atividades de teatro de bonecos.
Em 1951, recebeu uma bolsa do governo francês para estudar museologia em Paris. Durante esse tempo, frequentou o Atelier 17, onde aprendeu técnicas de gravura sob a orientação de Stanley William Hayter. Ao retornar ao Brasil em 1953, Aloísio dedicou-se à pintura e às artes gráficas, realizando uma série de pesquisas que moldaram sua futura carreira.
Em 1954, fundou o “Gráfico Amador” em Recife, um espaço que funcionava como ateliê gráfico e editora. Seu objetivo era publicar pequenos textos literários, especialmente poesias, em tiragens artesanais. Esta iniciativa teve um impacto significativo no design gráfico moderno do Brasil, destacando-se por suas ilustrações para a obra “Pregão Turístico do Recife”, de João Cabral de Melo Neto.
Em 1956, Aloísio recebeu uma bolsa do governo dos Estados Unidos e foi estudar artes gráficas e programação visual. Neste contexto, publicou “Doorway to Brasília” e “Doorway to Portuguese”, um trabalho que lhe rendeu três medalhas de ouro do Art Directors Club da Filadélfia. Também lecionou na escola de arte do museu da cidade.
Ao voltar ao Brasil em 1960 para fundar o escritório M+N+P, ao lado de Luiz Fernando Noronha e Artur Lício Pontual, envolveu-se em projetos de design inovadores que ajudaram a definir padrões no Brasil. Este escritório, mais tarde renomeado como PVDI (Programa Visual Desenho Industrial), se destacou por sua abordagem contemporânea e criativa no design.
Em 1963, Aloísio Magalhães foi um dos fundadores da Escola Superior de Desenho Industrial do Rio de Janeiro, a primeira do gênero na América Latina, onde lecionou comunicação visual. No ano seguinte, ganhou notoriedade ao vencer o concurso para criar o símbolo do IV Centenário do Rio de Janeiro. Em 1966, ele também ganhou o concurso para o design das cédulas do cruzeiro novo, passando a ser responsável pelo desenho das notas e moedas brasileiras.
Seu trabalho em identidade visual repercutiu em todo o país, criando marcas e logotipos para grandes instituições como o Banco Nacional, a Light, o Banespa, a Petrobras e a TV Globo. Entre suas inovações, está a criação da logomarca da TV Globo, que era uma estrela de quatro pontas.
No final da década de 1970, Aloísio foi nomeado diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e, em 1981, assumiu a secretaria de Cultura do Ministério da Educação. Em ambas as funções, destacou-se por seu compromisso com a preservação da memória cultural e artística do Brasil. Ele fundou o Centro Nacional de Referência Cultural e criou a Fundação Nacional Pró-Memória, iniciativas que reforçaram seu legado cultural.
Após sua morte, ocorrida em 13 de junho de 1982, em Pádua, Itália, Aloísio Magalhães deixou um impacto duradouro nas artes visuais brasileiras. O “Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – Mamam”, em Recife, homenageia sua contribuição às artes e se tornou um centro de referência no circuito artístico nacional e internacional.
Legado e Contribuições
O legado de Aloísio Magalhães vai além de suas criações gráficas. Ele foi um defensor da educação artística e cultural, acreditando que o design poderia servir como uma ferramenta de transformação social. Seu trabalho promoveu a valorização da identidade cultural brasileira, utilizando elementos que refletiam a diversidade e a riqueza do país.
Uma de suas maiores contribuições foi a aproximação entre arte e comunicação. Aloísio acreditava que o design gráfico poderia contar histórias e comunicar emoções, ultrapassando as barreiras da linguagem. Essa visão influenciou não apenas o design gráfico, mas também outras áreas como a publicidade e a arte visual contemporânea.
A importância de Aloísio é reconhecida em diversos eventos e exposições no Brasil e no exterior. Suas obras continuam a inspirar artistas e designers que buscam explorar novas formas de expressão e comunicação visual. Além disso, sua atuação no campo educacional inspirou uma nova geração de profissionais que reconhece a importância do design na sociedade.
Seus princípios de design, que priorizam a funcionalidade e a estética, ainda são ensinados nas escolas de design contemporâneas. A obra de Aloísio Magalhães é um testemunho da capacidade do design de integrar arte e comunicação, criando um diálogo que ressoa até os dias atuais.
O Museu de Arte Moderna Mamam, que leva seu nome, não só exibe suas obras, mas também promove a arte contemporânea brasileira, dando espaço a novas vozes e perspectivas. Este espaço se tornou um ponto de encontro para artistas, críticos e o público, celebrando o legado cultural deixado por Aloísio Magalhães.