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O Legado de Álvares de Azevedo na Literatura Brasileira

Álvares de Azevedo

Poeta brasileiro

Biografia de Álvares de Azevedo

Álvares de Azevedo (1831-1852) foi um poeta, escritor e contista da Segunda Geração Romântica brasileira. Suas poesias retratam o seu mundo interior e ele é conhecido como “o poeta da dúvida”.

Fez parte dos poetas que deixaram em segundo plano os temas nacionalistas e indianistas usados na Primeira Geração Romântica e se deixou levar por um profundo dilema e angústia. É Patrono da cadeira n.º 2 da Academia Brasileira de Letras.

Infância e Juventude

Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo no dia 12 de setembro de 1831. Era filho do Doutor Inácio Manuel Alvares de Azevedo e de Dona Luísa Azevedo. Aos dois anos, junto com sua família, mudou-se para o Rio de Janeiro.

Em 1836, morreu seu irmão mais novo, fato que o deixou bastante abalado. Foi aluno brilhante, estudou no colégio do professor Stoll e era constantemente elogiado. Com nove anos, já escrevia cartas em inglês para sua mãe. Em 1845, ingressou no Colégio Pedro II, onde fez o curso de humanidades.

Em 1848, aos 16 anos, Álvares de Azevedo voltou para São Paulo e iniciou o curso de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco. Participou ativamente da vida literária e reunia-se com grupos boêmios.

Nessa época, junto com Bernardo Guimarães, fundou a Sociedade de Ensaio Filosófico Paulistano. Traduziu obras do poeta Lord Byron, de quem recebeu grande influência, além de Shakespeare e Alfred de Musset.

Álvares de Azevedo vivia cercado por livros e se dedicava a escrever suas poesias. Toda sua obra poética foi escrita durante os quatro anos que cursou a faculdade. O sentimento de solidão e tristeza refletia a saudade da família que ficara no Rio de Janeiro.

O poeta vivia mergulhado em uma triste solidão, como mostra os versos a seguir:

“Foi por ti que num sonho de ventura
A flor da mocidade consumi,
E às primaveras digo adeus tão cedo
E na idade do amor envelheci!”

“Vinte anos! Derramei-os gota a gota
Num abismo de dor e esquecimento…
De fogosas visões nutri meu peito…
Vinte anos!… não vivi um só momento!”

Morte

Em 1852, Álvares de Azevedo adoeceu e abandonou a faculdade um ano antes de completar o curso de Direito. Vitimado por uma tuberculose e sofrendo com um tumor, foi operado, mas não resistiu.

Álvares de Azevedo faleceu no dia 25 de abril de 1852 com apenas 20 anos de idade. Não concluiu os estudos nem viu sua obra reunida em livro.

Sua poesia Se Eu Morresse Amanhã!, escrita alguns dias antes de sua morte, foi lida no dia de seu enterro pelo escritor Joaquim Manuel de Macedo:

Se Eu Morresse Amanhã

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o doloroso afã…
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

O Ultra Romantismo

Álvares de Azevedo é o nome mais importante do Ultra Romantismo, também conhecido como a Segunda Geração Romântica. Nesse período, os poetas deixaram de lado temas nacionalistas e indianistas, mergulhando no seu mundo interior.

Seus poemas falam constantemente do tédio da vida, das frustrações amorosas e do sentimento de morte. A figura da mulher aparece em seus versos, ora como um anjo, ora como um ser fatal, mas sempre inacessível.

Ele deixa transparecer em seus textos a marca de uma adolescência conflitante e dilacerada, representando a experiência mais dramática do Romantismo brasileiro.

Em alguns poemas, surpreende o leitor, pois, além de poeta triste e sofredor, também se mostra irônico e com um grande senso de humor, rindo da própria poesia romântica e do sentimento exagerado da época:

“Eu morro qual nas mãos da cozinheira
O marreco piando de agonia…
Como o cisne de outrora… que gemendo
Entre os hinos de amor se enternecia.”

“Coração, por que temes? Vejo a morte,
Ali vem lazarenta e desdentada…
Que noiva!… E devo então dormir com ela?
Se ela ao menos dormisse mascarada!”

Livros de Álvares de Azevedo

  • Macário, obra dramática (1850)
  • Lira dos Vinte Anos, poesia (1853)
  • A Noite na Taverna, prosa (1855)
  • O Conde Lopo, poesia (1866)

Poesias de Álvares de Azevedo

  • A Lagartixa
  • Adeus, Meus Sonhos
  • Ai, Jesus!
  • Amor
  • Anjinho
  • Anjos do Céu
  • Anjos do Mar
  • Canção da Sexta (LXI)
  • Cantiga
  • Canto Primeiro
  • Canto Segundo
  • Cismar
  • Desalento
  • Desânimo
  • Dinheiro
  • E Ela! E Ela! E Ela! E Ela!
  • Fragmentos de um Canto em Cordas de Bronze
  • Ideias Íntimas
  • Lágrimas da Vida
  • Lágrimas de Sangue
  • Luar de Verão
  • Malva Maçã
  • Meu Amigo
  • Meu Desejo
  • Meu Sonho
  • Na Minha Terra
  • No Mar
  • O Lenço Dela
  • O Poeta Maribundo
  • Oh! Páginas da Vida Que Eu Amava
  • Pálida Inocência
  • Perdoa-me, Visão dos Meus Amores
  • Saudades
  • Se Eu Morresse Amanhã
  • Solidão
  • Sonhando
  • Tarde de Outono
  • Trindade
  • Último Soneto
  • Um Cadáver de Poeta
  • Vagabundo
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