Anna Paes

Proprietária de engenho na época colonial brasileira

Biografia de Anna Paes

Anna Paes (1617-1674) foi a proprietária do Engenho Casa Forte, um dos mais importantes engenhos de cana de açúcar de Pernambuco, local da mais notável vitória na luta contra o domínio holandês do Brasil colônia.

Anna Gonçalves Paes de Azevedo nasceu no engenho Jerônimo Paes, depois “Casa Forte”, Recife, Pernambuco, provavelmente no ano de 1617. Era filha de Jerônimo Paes de Azevedo e de Isabel Gonçalves Paes, proprietários de um dos mais importantes engenhos pernambucanos, que se estendia por uma vasta área nas imediações do Passo do Fidalgo, à margem esquerda do rio Capibaribe.

Anna Paes recebeu uma educação conforme os costumes portugueses. Além do português, falava e escrevia latim, holandês e alemão. Casou-se muito cedo, e em 1635, aos 18 anos, ficou viúva do capitão Pedro Correia da Silva, que participou da defesa do Forte São Jorge, após apenas três meses de casamento.

Com a morte de seu pai, Anna assumiu a administração do engenho e transformou-o em um dos melhores da capitania de Pernambuco. Ela vivia com sua mãe, alternando entre o engenho e uma casa na Rua do Bom Jesus, no centro do Recife.

Em 1637, casou-se com Charles de Tourlon, capitão do exército holandês, com quem teve uma filha, Isabel de Tourlon. Acusado de cumplicidade com os brasileiros numa revolta contra os holandeses, seu marido foi deportado para a Holanda, levando consigo a filha Isabel.

Após a confirmação oficial da morte do marido, em 1644, Anna casou-se com o capitão holandês Gilbert de With, alto representante da Companhia das Índias Ocidentais.

Domínio holandês

Desde 1630, Pernambuco lutava contra a invasão holandesa. No primeiro período, a resistência foi heroica, mas pouco expressiva, devido à superioridade bélica dos holandeses.

O capitão Matias de Albuquerque, neto de Duarte Coelho, foi nomeado governador-geral da capitania e incumbido de organizar a defesa. Após a perda de Olinda e Recife, as tropas se estabeleceram no Arraial de Bom Jesus.

Gradualmente, o domínio holandês se expandiu. Em 23 de janeiro de 1637, Maurício de Nassau chegou ao Recife e imediatamente assumiu o governo da “Cidade Maurícia”, a capital do Brasil Holandês. Ele retornou à Holanda em 1644.

Depois de memoráveis batalhas, como a do Monte das Tabocas (1645) e a dos Guararapes (1648 e 1649), veio finalmente a rendição dos holandeses na Campina do Taborda em 3 de agosto de 1654.

Batalha de Casa Forte

Derrotados na Batalha dos Tabocas, o exército holandês acampou no Engenho Casa Forte, propriedade de Anna Paes, ao retornar ao Recife.

No dia 17 de agosto de 1645, o engenho foi ocupado por tropas holandesas comandadas por Henrique Van Huss, após serem rechaçadas do Monte das Tabocas. Na ocasião, o engenho serviu como fortificação para os holandeses.

No entanto, os soldados pernambucanos, liderados pelo sargento-mor Antônio Dias Cardoso, atacaram o engenho e saíram vitoriosos. A derrota na Batalha de Casa Forte custou aos holandeses cerca de 37 mortos, muitos feridos e mais de 330 prisioneiros.

Em 1654, com o fim do domínio holandês no Brasil, Anna Paes, por ser casada com um holandês e ter se convertido ao calvinismo, foi considerada igualmente holandesa e teve todos os seus bens confiscados. Seguiu deportada para a Holanda com seu marido e seus dois filhos, Kornelius e Elizabeth.

O Engenho Casa Forte foi leiloado e a Casa Grande foi destruída. Posteriormente, o local onde ficava o engenho foi denominado “bairro de Casa Forte”. A avenida 17 de Agosto é uma homenagem a uma das datas mais importantes da história. A primitiva capela que antecedeu a atual remonta à época do próprio engenho.

Anna Paes faleceu em Dondrecht, na Holanda, no dia 21 de dezembro de 1674.

Legado de Anna Paes

Anna Paes é lembrada não apenas como uma proprietária de engenho, mas também como uma figura que desempenhou um papel crucial na resistência contra a opressão holandesa. Sua habilidade administrativa e a coragem demonstrada durante um período turbulento da história brasileira fazem dela uma personalidade admirada até os dias de hoje.