quarta-feira, outubro 15, 2025
spot_img
HomeGênios do BrasilA Vida e a Obra de Afrânio Peixoto: Contribuições à Literatura Brasileira

A Vida e a Obra de Afrânio Peixoto: Contribuições à Literatura Brasileira

Afrânio Peixoto

Escritor brasileiro

Biografia de Afrânio Peixoto

Afrânio Peixoto (1876-1947) foi um escritor, médico legista e professor brasileiro. Importante romancista, ensaísta e historiador literário, foi eleito para a cadeira n.º 7 da Academia Brasileira de Letras.

Júlio Afrânio Peixoto nasceu na cidade de Lençóis, na Bahia, no dia 17 de dezembro de 1876. Com nove anos, mudou-se com a família para a cidade de Canavieiras, situada no interior do Estado.

Em 1897, com 21 anos, formou-se em Medicina na Universidade de Salvador. Sua tese, intitulada “Epilepsia e Crime”, chamou a atenção de parte da sociedade médica do país e do exterior.

Estreia na literatura

Em 1900, Afrânio Peixoto iniciou a carreira literária, dentro da atmosfera do Simbolismo, com o drama “Rosa Mística”. Nesse mesmo ano, publicou a novela “Lufada Sinistra”.

Em 1901, foi nomeado professor de medicina legal da Faculdade de Medicina da Bahia.

Em 1903, mudou-se para o Rio de Janeiro após ser convidado pelo médico Juliano Moreira para assumir a função de Inspetor de Saúde Pública.

Em 1904, assumiu a direção do Hospital Nacional dos Aliados. Entre 1904 e 1906, realizou diversas viagens para o exterior com o objetivo de aperfeiçoar seus conhecimentos.

Em 1907, através de concurso, foi nomeado professor de Medicina Legal na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

Academia Brasileira de Letras

Em 1910, Afrânio Peixoto foi eleito para a cadeira n.º 7 da Academia Brasileira de Letras na sucessão de Euclides da Cunha.

Antes da posse, publicou o romance “A Esfinge” (1911), inspirado na viagem que fez ao Egito. A obra obteve grande sucesso e deu ao escritor uma posição de destaque como ficcionista. Tomou posse na Academia em 14 de agosto de 1911.

Na Academia Brasileira de Letras, Afrânio Peixoto exerceu intensa atividade: fez parte da Comissão de Redação da Revista (1911-1920), da Comissão de Bibliografia (1918) e da Comissão de Lexicografia (1920 e 1922). Foi presidente da Casa de Machado de Assis (1923).

Trilogia

Em 1914, Afrânio Peixoto iniciou a trilogia de romances que formariam a série sertaneja com a obra “Maria Bonita”.

Em 1915, foi nomeado Diretor da Escola Normal e no ano seguinte Diretor da Instrução Pública.

Em 1920, publicou “Fruto do Mato”, o segundo livro da série, concluída em 1922 com “Bugrinha”. Na trilogia, o autor revive os momentos da infância passados nas cidades de Lençóis e Canavieiras.

Além de diversos cargos públicos, exercidos paralelamente à carreira literária, Afrânio Peixoto foi eleito deputado federal pela Bahia em 1923. Fundou a Biblioteca de Cultura Nacional e iniciou uma série de publicações acadêmicas que posteriormente recebeu o nome de “Coleção Afrânio Peixoto”.

Em 1932, foi nomeado professor de História da Educação do Instituto de Educação. Em 1935, assumiu a reitoria da Universidade do Distrito Federal.

Entre outras obras de Afrânio Peixoto destacam-se:

  • Minha Terra e Minha Gente (1915)
  • Poeira de Estrada (1918)
  • Trovas Brasileiras (1919)
  • Fruta do Mato (1920)
  • Arte Poética (1925)
  • As Razões do Coração (1925)
  • Uma Mulher Como as Outras (1928)
  • Sinhazinha (1929)
  • História da Literatura Brasileira (1931)
  • Panorama da Literatura Brasileira (1940)

Como ensaísta, Afrânio escreveu importantes obras sobre Camões, Castro Alves e Euclides da Cunha.

Afrânio Peixoto publicou também obras médico-legal-científicas. Foi membro de diversas instituições, entre elas, o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, a Academia de Ciências de Lisboa, a Academia de Medicina Legal e do Instituto de Medicina de Madri.

Afrânio Peixoto faleceu no Rio de Janeiro, no dia 12 de janeiro de 1947.

O legado de Afrânio Peixoto na literatura brasileira

A obra de Afrânio Peixoto não se limita a apenas um perfil acadêmico ou literário; ele se tornou uma referência na literatura brasileira, especialmente no que diz respeito ao romance regionalista e às questões sociais de seu tempo. Através de sua trilogia sertaneja, ele deu voz às experiências da vida no interior do Brasil, explorando temas como a terra, o clima e os costumes locais.

A sua escrita é caracterizada por uma prosa rica e descritiva, que transporta o leitor para as paisagens da Bahia e para o cotidiano dos seus habitantes. Através de seus personagens, Afrânio Peixoto abordou questões sociais relevantes que, mesmo décadas após sua morte, permanecem atuais.

Além da ficção, sua atuação como presidiário acadêmico e sua contribuição para o debate das ciências étnicas e sociais também são dignas de nota. Afrânio foi um dos primeiros a divulgar e discutir as condições de vida nas áreas rurais, o que fez de suas obras um importante documento histórico.

O impacto da sua obra é evidente em atualizações de currículos educacionais, onde as suas contribuições são frequentemente estudadas e analisadas, consolidando seu papel como um dos grandes nomes da literatura brasileira.

Seus escritos combinam a precisão científica da medicina com a paixão da narrativa literária. Este equilíbrio proporciona não só um vislumbre da vida social de sua época, mas também uma crítica social perspicaz que ainda ressoa com os leitores modernos.

Afrânio Peixoto continua a ser lembrado e reverenciado nas rodas literárias e académicas. Seus alunos e seguidores são testemunhos de um legado que transcende o tempo, provando que a literatura pode, de fato, mudar a percepção e a realidade de uma sociedade.

RELATED ARTICLES

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Most Popular

Recent Comments